A escassez de profissionais qualificados no segmento de eventos não é uma barreira para a abertura de novas oportunidades. Prova disso é que corporações de diversos portes e setores da economia descobriram uma nova necessidade: a contratação de especialistas exclusivos para atuarem no gerenciamento interno de eventos.
Com a retomada das atividades no formato presencial, de maneira total ou híbrida, as empresas vêm decidindo criar setores próprios em detrimento da terceirização. Isso é reflexo da alta demanda do mercado, que possui poucas datas disponíveis para atendimento de solicitações que ainda não estão no calendário.
Conforme dados da Ubrafe (União Brasileira de Feiras e Eventos de Negócios), existe uma expectativa para 2022 de que aconteçam mais de 700 eventos corporativos dos mais diversos tamanhos. Entre feiras e outras ações empresariais menores, a estimativa da Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta) é que 20% delas sejam remanescentes do adiamento das agendas durante a pandemia.
Eventos virtuais são herança dos últimos dois anos de restrições
Uma pesquisa da startup Even3 revelou que, entre meados de 2020 e 2021, os eventos online tiveram aumento de 300% com relação aos anos anteriores. Agora, o que se observa é que há uma forte tendência de união das modalidades online e presencial, visando alcançar um público muito maior. “Talvez o evento puramente digital já esteja um pouco saturado. Eu acredito que quem puder comprar seu ingresso e ir até os locais, fará isso. O fator principal é o networking, que vem funcionando no formato digital mas que é ainda mais eficiente pessoalmente”, afirma Tiago Ferreira, CEO da MeEventos, startup do ramo de tecnologia para a área.
O grande problema está na quantidade de profissionais disponíveis. O “boom” já era esperado, porém há uma atmosfera de forte insegurança sobre o plano de carreira. Enquanto empregos sobram, falta qualificação. “Venho observando, em grupos que participo, que empresas brasileiras grandes e multinacionais estão em busca de pessoas para trabalhar com foco em eventos virtuais internamente. Isso era algo que não se via no período pré-pandemia”, garante Ferreira.
Em meio à “enxurrada” de postos de trabalho que vêm surgindo desde os meses finais de 2021, o setor vive uma crise de falta de profissionais, potencializada pelo alto volume de desemprego ocasionado pela Covid-19. Segundo a Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), aproximadamente meio milhão de pessoas perderam suas fontes de renda e tiveram que procurar outras formas de sustento. Destes, quase 200 mil eram Microempreendedores Individuais (MEIs).
Oportunidade com segurança trabalhista e tecnologia pode atrair profissionais
Com os novos postos de trabalho gerados por empresas que desejam internalizar uma área de eventos própria, é possível que produtores de eventos “seniors” aos poucos queiram voltar à carreira. De maneira geral, o mercado contrata temporariamente ou sob demanda, sem nenhuma garantia aos profissionais. Ao fazer parte do quadro de funcionários, a tendência é que os direitos trabalhistas da CLT sejam assegurados.
“Quando as empresas têm um setor específico de eventos para dar conta das demandas internas, como treinamentos e palestras, ou até mesmo de grande porte, como seminários e congressos, fornecedores terceirizados de buffets, iluminação e decoração acabam sendo beneficiados pela negociação direta. E para que as pessoas responsáveis possam fazer essa gestão como um todo ser eficiente, sem sobrecargas, existem softwares que auxiliam na organização. As corporações já estão se dando conta de que, além da exigência de competências, devem oferecer ferramentas tecnológicas úteis de suporte para o trabalho”, considera o CEO da MeEventos.