A inspiração
Em 13 de julho de 1985, o Estádio de Wembley em Londres, na Inglaterra, e o Estádio JFK em Philadelphia, nos EUA, se tornaram palco de um dos mais emblemáticos festivais de música da história mundial: o Live Aid. Sob a organização de Bob Geldof e com o objetivo de dar sua contribuição para o combate à fome na Etiópia, o evento reuniu dezenas de bandas e artistas de peso daquela época, dentre os quais: Black Sabbath, Judas Priest, U2, David Bowie, Elvis Costello, Sting, The Who, Elton John, Paul McCartney e Queen, se tornando para esta última o marco do retorno à formação original com Freddie Mercury, àquela altura já portador do HIV, vírus que lhe ceifaria a vida.
Sucesso
O público presente aos estádios ultrapassou a marca de 160 mil pessoas. A transmissão do Live Aid foi realizada, ao vivo, para uma audiência estimada de 1.9 bilhões de pessoas, alcançando 150 países. O sucesso foi tão grande que Phil Collins deu uma sugestão: a partir dali, o dia 13 de julho deveria ser considerado o Dia Mundial do Rock! A ideia, contudo, não conseguiu contagiar muita gente, o que aconteceria em terras bem distantes daquelas que sediaram os festival.
Apoio tupiniquim
Por mais estranho que isso possa parecer, em especial devido à atual configuração do cenário cultural brasileiro, em que predominam na programação das emissoras de rádio e também nos serviço de streaming de música, gêneros como sertanejo universitário, axé, forró e funk, o Dia Mundial do Rock encontra no País, a data se concretizou em todo o globo graças à contribuição de duas rádios paulistas: a 97 FM e 89 FM, criadas em 1983 e 1985, respectivamente e com foco no estilo que consagrou nomes como Elvis Presley, Beatles, Rolling Stone e Led Zeppelin, entre outros.
Galeria do Rock
Essa contribuição de São Paulo para a consolidação do Dia Mundial do Rock, data que somente é celebrada no Brasil, inspirou a “Coluna Acidez Urbana!” a mostrar para o leitor da “Folha Uberaba”, a comemoração de 2024. Isso, direto de um dos lugares mais representativos para os amantes do gênero que revolucionou a música e a cultura de todo um planeta: a Galeria do Rock.
Templo
Construída em 1962 e inaugurada em 1963, ela foi batizada inicialmente como Centro Comercial Grandes Galerias. Hoje consagrada como um dos principais points de tribos urbanas, ou subculturas, o espaço que fica na Avenida São João, no centro de São Paulo, somente assumiu sua atual vocação na década de 1980, mas as lojas do gênero rock somente se tornariam soberanas a partir da década de 1990. Ali existem cerca de 450 estabelecimentos comerciais, por onde circula um publico diário que varia entre 25 mil e 35 mil pessoas.
Foto: Lavígnia Vieto/Jul., de 2024“Sonzêra”
Este ano, a Galeria do Rock reinaugurou o seu Rooftop, um espaço de 500 m², com capacidade para receber até 300 pessoas, para desfrutar de uma belíssima vista do Largo do Paissandu. Mas não é só, no processo de revitalização, a área foi incrementada com boas opções de comida, bebida e, claro, muita música.
Como funciona
O rooftop da Galeria do Rock abre somente aos sábados, a partir das 11h. O ingresso, no valor de R$ 30, pode ser comprado no local ou adquirido com antecedência pelo aplicativo da Fever. Além do acesso ao espaço, que é bem descontraído, dá direito a uma bebida (água, refrigerante ou cerveja de 269 ml) e à visitação da exposição oficial em homenagem ao sambista Adoniran Barbosa, ali percebido como outro ícone da pauliceia desvairada. Claro, também tem uma Sala do Rock, decorada com capas de discos e quadros das bandas mais representativas da cena.
Pra curtir
Os shows no rooftop começam às 13h e todas as atividades se encerram às 17h. A galeria fecha às 18 horas. Por lá, já passaram nomes como o da roqueira baiana Pitty e, no Dia Mundial do Rock, a programação foi especial. Excepcionalmente, o ingresso teve seu valor elevado para R$50, mas, quem foi, pode se deliciar com duas bandas nacionais, que movimentaram o terraço da Avenida São João e agitaram todas as tribos presentes: Fúria Inc. e Torture Squad, esta última reconhecida pelos amantes de heavy metal e responsável por inspirar a nova geração do rock nacional.
Foto: François Ramos/Jul., de 2024Torture Squad
A Torture Squad foi a principal atração da tarde no rooftop da Galeria do Rock. Fundada em 1990, ela tem, em sua discografia, além de diversos singles e pelo menos quatro EPs, três álbuns ao vivo: Death, Chaos and Torture Alive – 2004 (CD e DVD), Coup D´Etat Live – 2015 (CD e DVD) e Tortura en la Iglesia en Vivo – 2022 (CD).
E aí?!
Para celebrar o Dia Mundial do Rock, a banda paulistana de com mais de três décadas de história e uma legião de fãs radicais, apresentou o projeto “TS & Friends Acoustic Sessions”, no qual ao lado de amigos e convidados tocaram para a galera presente, grandes clássicos do Rock e do Metal em versões acústicas fervorosas. Uma apresentação coerente com o legado que os “caras” construíram na estrada.
Demais!
Pra quem, como os colunistas, ainda não conhecia, a surpresa positiva do dia no rooftop da Galeria do Rock ficou por conta da Fúria Inc., com formação encontrando origem em Guarulhos e São Paulo. Formada em 2009, pelos irmãos Neto e Gustavo Romão, a banda foi finalista na etapa paulista do concurso Wacken Metal Battle e já foi responsável pela abertura de shows para gigantes como Paul Di’Anno (ex-Iron Maiden), Poisonblack, Dr. Sin, Korzus e Punk Metal All Stars.
Incendiou
A Fúria Inc. entregou uma apresentação vigorosa no Dia Mundial do Rock. Com performances de clássicos, por exemplo, do Misfits, mas também com músicas autorais, como o single Reborn (lançado em 2022), a banda colocou fogo na fria tarde paulistana (por volta de 13/14º) e despertou o interesse dos colunistas para ouvir o álbuns álbum “Raw” (2019) e conhecer outros trabalhos desta turma, que renovou nos corações presentes a convicção que, no Brasil, apesar de tudo, o Rock vive!
Foto: François RamosFrase
“Sou meio quieto, meio fechado. Na maior parte do tempo, não falo muito. O que tenho a dizer, digo com a guitarra.”
(Jimi Hendrix)
