Identificação da doença vai além da hiperatividade e é importante obter informações de pessoas que convivam com o paciente
Segundo a psicóloga clínica do HIJPII, Tarcia Regina Coura Dutra, na psicoterapia destaca-se o “Treinamento de pais”. “Ensinamos estratégias eficazes para lidar com as crianças, auxiliando-os a gerenciar o estresse e a sobrecarga. Além disso, oferecemos um suporte emocional para os pacientes, trabalhando as suas disfuncionalidades”, explica. Ela ressalta ainda a importância do ambiente familiar em que a criança está inserida. “Algumas vezes, o TDAH pode estar associado à falta de afeto ou a um cuidado desequilibrado ao longo da vida. Por isso, quanto mais estruturado e flexível for o contexto familiar, melhores resultados serão alcançados”.
Compreensão
Além dos já citados sintomas de desatenção e hiperatividade, o transtorno pode gerar, ainda, impulsividade (a criança interrompe os outros, tem dificuldade para esperar sua vez, dá respostas precipitadas) e esquecimento (perde materiais escolares, esquece onde guardou objetos, não passa recados). Por isso, o diagnóstico, além de ser importante para iniciar o tratamento adequado, é essencial para que os responsáveis não achem que a criança está agindo propositalmente.
“Crianças com TDAH têm dificuldade para se concentrar e ficar quietas por muito tempo. Respeitar essas limitações é fundamental. Os pais e a escola devem sempre priorizar o que é mais importante e relevar os pequenos erros por desatenção. O objetivo deve ser que a criança se envolva no processo de aprendizagem e se sinta motivada, pois a motivação é um fator muito benéfico para a concentração”, aconselha a neuropediatra.
Segundo ela, o tratamento adequado do TDAH é fundamental para permitir as condições ideais de desenvolvimento para a criança. “Organização do tempo e execução das atividades escolares também pode ser necessário. Se os cuidadores não ‘levam jeito’ para isso, o ideal é pedir uma outra pessoa, de preferência um profissional da educação, para acompanhar essas atividades. Também é importante possibilitar a prática de atividades não acadêmicas, como exercícios físicos. Educação musical e artística são ótimos exemplos de estimulação”, indica Mona Lisa.
Pandemia
O isolamento social, durante mais de um ano, em decorrência da pandemia da covid-19, pode ter contribuído para o agravamento do TDAH em muitos casos, especialmente nos pacientes com sintomas de hiperatividade, já que as atividades físicas e ao ar livre ficaram mais restritas.
A neuropediatra chama atenção, especialmente, para o uso excessivo de telas. “Todos nós abusamos desse recurso durante a quarentena. Mas já é hora de nos policiarmos em relação a isso. É necessário minimizar ao máximo a utilização de celulares, tablets, televisões, que são comprovadamente prejudiciais ao desenvolvimento infantil, quando em excesso ou de forma inadequada. Lembrando que crianças copiam hábitos dos adultos. Então, não adianta proibir e continuar fazendo uso excessivo”, orienta a neuropediatra.
Para os pais que optaram por manter a criança em casa, mesmo após o retorno das aulas presenciais, algumas estratégias podem ajudar na hora de realizar as atividades escolares. “Ter um adulto ao lado da criança, auxiliando na concentração, e permitir que ela tenha um descanso quando estiver dando sinais de desatenção, ajuda. Uma redução no número de atividades e um tempo maior para sua realização pode ser o ideal”, conclui Mona Lisa.
fonte: Agencia Minas