Baixa adesão traz risco de surtos e de retorno de doenças já erradicadas, como poliomielite
Os pais e/ou responsáveis por crianças devem se manter atentos ao calendário de vacinação infantil em Minas Gerais. De acordo com dados registrados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), consolidados até novembro de 2021, a cobertura vacinal está abaixo do recomendado para as vacinas importantes durante a infância. Com isso, doenças que já estavam erradicadas podem retornar, acometendo os pequenos e trazendo risco para a saúde.
Segundo a coordenadora estadual do Programa de Imunizações da SES-MG, Josianne Dias Gusmão, é necessário que as crianças estejam com o cartão de vacina atualizado, pois muitas doenças podem ser evitadas por meio de vacinação. Atualmente, por exemplo, não há casos registrados de poliomielite (paralisia infantil), resultado alcançado justamente em função da imunização bem-sucedida de crianças.
“Muitas doenças comuns no Brasil e no mundo deixaram de ser um problema de saúde pública por causa do sucesso da vacinação nas últimas décadas.
Importante destacar que uma baixa cobertura vacinal contribui par ao retorno de doenças que estavam erradicadas. Foi o que aconteceu em 2019, quando Minas Gerais registrou casos confirmados de sarampo. Esta falsa impressão de que algumas doenças não possam retornar e que a vacinação não é mais necessária é um risco para a reintrodução de doenças”, destaca a especialista.
Baixa adesão
As vacinas BCG e rotavírus têm a cobertura preconizada pelo Ministério da Saúde de 90%. Já as demais vacinas que fazem parte do calendário infantil têm meta de 95%. No entanto, dados parciais de 2021 mostram que a cobertura de vacinas essenciais segue abaixo do ideal em Minas, o que é motivo de alerta.
A vacina contra a poliomielite, por exemplo, destinada a crianças de dois, quatro e seis meses, está com 63,68% de alcance (dados parciais até novembro/2021). Considerando apenas a dose de primeiro reforço da poliomielite, aplicada em crianças de 15 meses, a cobertura está em 57,53%. Já na dose de poliomielite destinada a crianças de quatro anos, o número é ainda mais baixo, alcançando apenas 50,56%, o que causa preocupação.
Na vacina de febre amarela, destinada ao público infantil menor de um ano de idade, a cobertura é de 63,67%.
Outras vacinas ainda apresentam cobertura abaixo do esperado, dentre elas a tríplice viral e a pentavalente, ambas de suma importância para proteger as crianças. Vale lembrar que somente nos primeiros anos de vida, o Estado oferece vacinas que previnem mais de 20 doenças. E o estoque está abastecido.
“Importante que os pais ou responsáveis levem as crianças até as Unidades de Saúde para a atualização do cartão de vacina. A vacinação é uma proteção coletiva, pois quanto menos pessoas adoecem, menor é a possibilidade de transmissão de doenças que são evitadas por meio da imunização”, ressalta Josianne.
Ações de melhoria
O foco direcionado para a vacinação contra a covid-19, o medo da pandemia e a disseminação de fake news são alguns dos motivos que fizeram com que as pessoas deixassem de levar as crianças para vacinar. Para combater a baixa adesão, a SES-MG tem mobilizado os municípios, por meio de envio de análise de cobertura vacinal, com informes para que fiquem atentos sobre o calendário de vacinação das crianças nas cidades.
Além disso, a secretaria mantém diálogo com gestores dos municípios sobre como estão as coberturas vacinais para que eles possam avaliar o território e realizar um planejamento de melhorias.
“A SES-MG participa frequentemente de ações de divulgação da importância da manutenção de altas coberturas vacinais. Essas medidas e campanhas são constantes para alertar a população sobre a importância da vacinação”, destaca a coordenadora da Secretaria de Saúde.