Representantes da Escola Municipal Uberaba estiveram no Plenário da Câmara Municipal de Uberaba, na última quarta-feira (22), para falar sobre o trabalho de inclusão realizado com crianças portadoras de síndromes, como o autismo e o X-Frágil. A diretora Ana Sílvia Mendes, a vice-diretora Ana Claudia Rossi, a coordenadora da inclusão Valéria Carvalho, e a professora Cedna Maria Silva Lellis, atenderam a um convite do presidente Fernando Mendes.
A diretora Ana Sílvia explicou que a intenção era de mostrar um pouco sobre o trabalho desenvolvido com a inclusão, o autismo, e sobre a Síndrome do X-Frágil, tema que é pesquisado pela professora Cedna Maria Silva Lellis, reconhecido em vários artigos publicados em congressos e seminários, inclusive internacionais. Para a diretora, a presença na Câmara é um reconhecimento aos professores que participaram da pesquisa.
Segundo ela, a escola busca apoio para o incentivo à pesquisa, que a gestão da escola procura contribuir com o público de inclusão. Atualmente, de acordo com Ana Sílvia, a escola conta com 1.328 alunos, sendo 103 de inclusão, incluindo 42 autistas e outros com diversas patologias e necessidades especiais.
“As pesquisas são fundamentais para auxiliar na busca do conhecimento, para aperfeiçoar a educação e a aprendizagem de todos estes alunos”, afirmou a diretora.
A professora Cedna Maria Silva Lellis disse querer compartilhar com todos o trabalho que realizou. Ao falar sobre a Síndrome do X-Frágil, ela explicou que, por ser uma condição genética hereditária, o diagnóstico deve ser feito através de exame de DNA. “A mutação atinge o cromossomo X FRM1e eu desconheço na cidade uma clínica que pode fazer este exame”, comentou, lembrando que o mesmo não é de fácil acesso, pelos custos.
Cedna comentou que em Belo Horizonte o exame pode ser encontrado por R$ 700 reais, enquanto em São Paulo, varia de R$ 3 a R$ 5 mil. Ela defendeu a necessidade de conseguir que o exame seja realizado em Uberaba e esclareceu que as características do X-Frágil são iguais ao autismo, então acontece de o pediatra dar o diagnóstico errado.
“No Brasil, de cada 8 mil meninas, uma possui a síndrome, já entre os meninos é um em cada 4 mil”, alertou a pesquisadora. De acordo com ela, é preciso levar para dentro das escolas a flexibilização dos conteúdos para essas crianças, como acontece na Escola Uberaba.
Sobre a pesquisa, Cedna disse que seu trabalho foi apresentado na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), sendo que o mesmo foi parar no Paraná, mas ao mesmo tempo, não teve reconhecimento em Uberaba. “Nossa pesquisa foi reconhecida internacionalmente, como nos Estados Unidos, França e Alemanha, e em breve vou apresentá-la em um evento para nove países, da Europa, além da Nicarágua e México, representando a escola e a cidade”, acrescentou.
O presidente Fernando Mendes agradeceu pela presença e esclarecimentos das profissionais, e pediu que trabalho tão relevante para a sociedade, realizado pela equipe da escola, tenha continuidade.
Mutação e transmissão – A síndrome do X frágil é uma desordem ligada ao cromossomo X. De caráter dominante, basta que um dos pais seja portador da pré-mutação para que a criança receba uma cópia do gene defeituoso, que leva a déficit intelectual e transtornos comportamentais.
Em geral, os meninos desenvolvem quadros mais graves do que as meninas. Isso acontece, porque elas possuem dois cromossomos X, um herdado do pai e o outro da mãe, o que, de certa forma, as protege. Se um estiver afetado, o gene normal pode compensar a alteração. Os homens, no entanto, possuem um cromossomo X herdado da mãe e um cromossomo Y herdado do pai. Se o X estiver danificado, o outro não estará preparado para suprir a deficiência.